segunda-feira, 20 de junho de 2011

Gratidão e Confiança!

A forma como as pessoas vivem define e fé que elas têm. O pensamento define o estilo. O estilo reformado dos cristãos tem motivos que valem a pena serem estudados. A tradição reformada se identifica com a soberania de Deus e com a predestinação. Embora tenham fracassado todos os esforços para se definir, no calvinismo, uma doutrina central, da qual as outras seriam deduzidas, pode-se levantar a hipótese de que o tema fundamental da teologia calvinista, que serve como ponte para todos os outros é a convicção de que cada ser humano se defronta a todo instante com o Deus vivo. O ponto principal não é a criatura salva, mas glória devida a Deus. A ênfase em Deus como criador e Senhor dá profundidade à vida. O ser humano não vive na superfície da história universal. A vida das pessoas não é um simples produto da história e das forças naturais. A responsabilidade está enraizada na vontade e nos desígnios de Deus. O cristão vive na segura confiança de que Deus é maior do que todos os batalhões da terra e de que a vida está subordinada a ele. Calvino entendia a dialética da vida cristã, com extraordinária clareza: "No tempo da prosperidade, enche nosso coração de gratidão e, nos dias tenebrosos, não fracasse a nossa confiança em ti". A teologia reformada tem resistido contra todas as tentativas de controlar Deus. Ela se opõe aos esforços para capturar o infinito e indeterminado Deus no que é finito e determinado, quer sejam as imagens, o pão e o vinho do sacramento ou as estruturas da igreja. Deus é livre. Age e fala quando e onde quer. A responsabilidade humana é ouvir a palavra de Deus. A polêmica reformada contra a idolatria evita que os projetos humanos se excedam, com pretensões exageradas e que acabam por destruir a si mesmos. Somente Deus é suficientemente grande para receber lealdade máxima e total de pessoas, sem destruir o que é realmente humano. Deus está realizando seu propósito na história. Ele chama seu povo para servir como instrumento de seu propósito. O objetivo divino não é simplesmente a salvação de almas, mas também o estabelecimento de uma comunidade santa e a glorificação de seu nome na terra. João Calvino insistia que os cristãos devem demonstrar seu cristianismo através de uma vida de santidade. O objetivo da vida cristã, segundo Calvino, é obedecer à vontade de Deus. Portanto, qualquer teologia ou culto que não significa deve ser reexaminado. A vida cristã é, por outro lado, justificação pela graça através da fé e, por outro, santificação. Embora a santificação esteja inseparavelmente ligada á justificação, elas são diferentes. Na justificação, Deus imputa a justiça de Cristo; na santificação, seu Espírito infunde graça e capacita para exercitá-la. Na justificação, o pecado é perdoado. Na santificação, ele é subjugado. A justificação liberta igualmente todos os crentes do castigo divino de uma de uma forma tão perfeita que eles nunca são condenados nesta vida. a santificação não é igual em todos, nem é alcançada de forma perfeita por ninguém. Sempre pode haver crescimento no rumo da perfeição. Os reformados defenderam a educação como uma das obrigações cristãs. Valorizaram os estudos de linguagem, leitura, redação e oratória. Deram grande importância á clareza, à lógica e á precisão no procedimento mental. Também prezaram a habilidade para a análise de um problema e para a formulação de uma resposta. O sermão era um serviço intelectual e uma disciplina mental que tinha um significativo impacto cultural. Todavia os reformados não eram intelectuais. A aprendizagem unida à piedade tinha grande reconhecimento. A vida mental a serviço de Deus tinha um valor especial para a igreja. O conhecimento e o compromisso eram condições para a admissão à comunhão da mesa. Ele estava convencido de que os cristãos deviam saber o que criam e porque criam. A pregação estava no próprio centro da reforma, com sermões programados para as diferentes horas do domingo e para a maioria dos dias da semana. Apesar de Calvino mesmo gastar pouco tempo na preparação de seus sermões, utilizando recursos de sua teologia geral, e apesar de freqüentemente repetir o que já havia dito ou escrito, a pregação era ainda a parte mais importante de seu trabalho. A comunidade reformada tem sempre grande confiança nas palavras escritas e faladas. Em particular, no poder da pregação, que abençoada pelo Espírito Santo, muda a vida humana e cria uma opinião pública piedosa. A exigência de simplicidade, integridade, autenticidade e sinceridade, que tem sido enfatizada geralmente na tradição, aplica-se especialmente à pregação. O sermão calvinista não é ostentador nem pretensioso, mas simples e poderoso. Em grande parte, seu conteúdo, apresentado clara e distintamente, é ao mesmo tempo a retórica e a mensagem. O centro da preocupação de Calvino com a organização da Igreja está no trabalho pastoral e na "cura de almas". Calvino não somente inscreveu o ofício de pastor na sua estrutura eclesiástica, como também ele mesmo era, acima da igreja, um pastor. A disciplina, segundo a tradição reformada, pode ser melhor entendida como o uso deliberado e econômico das energias e vitalidades da existência humana em busca da Lealdade de Deus e do avanço do propósito divino no mundo. A disciplina da tradição reformada, especialmente ilustrada por Calvino e pelos puritanos, não era vista como uma carga. Era uma maneira de vida livremente escolhida, que era considerada como forma de libertação, alegre e responsável, das energias e vitalidades da vida.

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